A Farsa de Pedro Ramos

Pedro Ramos, do alto da sua empáfia militante, foi a Santa Cruz dizer… coisas. Huuuuuuuu… que medo!

As declarações de Pedro Ramos são um monumento ao disparate e uma prova viva de que, em certas figuras do governo da Madeira, o instinto de sobrevivência política não conhece limites de decência. Dizer que “todos aqueles que não gostam da Madeira estão identificados” é digno de um filme de espionagem de quinta categoria. Quem são estes “inimigos da Madeira”? Pessoas que ousam criticar a gestão de Miguel Albuquerque e seus apêndices? Indivíduos que não aplaudem de pé as catástrofes orçamentais, os problemas na saúde, na segurança social, na mobilidade ou os habituais lapsos de competência do governo regional? Devemos aguardar fichas policiais para todos os opositores, ou é apenas mais uma bravata de um governo que confunde críticas com conspirações? Será Pedro Ramos o chefe secreto de uma STASI ou de um regional KGB?

Não contente com o que já ia dito, Pedro Ramos, qual cronista épico de um regime em decadência, decidiu falar da história da Autonomia. História que, na sua visão, parece um conto de fadas escrito por um funcionário de propaganda do PSD-Madeira, formado pela Securitate romena de Ceausesco. Claro, a Autonomia teve os seus méritos. Mas será que Ramos já ouviu falar dos abusos do poder, do clientelismo e do festival de incompetências que marcaram a governação da própria cor política? Ou será que essa parte da história foi apagada da narrativa oficial, da qual faz parte? Respeitar a história não é transformá-la num folheto eleitoral, mas talvez seja pedir demasiado a quem confunde governação com gestão de aparências.

E depois, claro, veio a piada do dia: “Na Madeira, a saúde está bem melhor.” É preciso ter lata. Ou viver numa realidade paralela. Talvez Ramos frequente um hospital mágico, onde os doentes são atendidos por fadas, as ambulâncias puxadas por unicórnios e o Pai Natal como Presidente do SESARAM, onde não há listas de espera, faltas de médicos ou utentes desesperados. No mundo real, contudo, a saúde pública regional é um melodrama. Mas não se preocupem: Pedro Ramos e os seus amigos estão bem protegidos. O povo que espere, porque na Madeira socialista de fachada, quem manda não se mistura com os meros mortais.

Quanto ao orçamento, Pedro Ramos queixa-se de que “a Madeira não pode parar”. Pois não, mas parece que parou, graças à falta de habilidade política do governo. Quando o PSD-Madeira não consegue empurrar a oposição para a submissão habitual, entra o choradinho: “A culpa é dos outros, que não respeitam o desejo dos madeirenses.” Tem de haver sempre um culpado: não fui eu, foi aquele menino. São anos e anos de birras. O PSD está habituado a uma oposição dócil e à sua imagem e semelhança. Quando alguém finalmente lhes faz frente, o governo parece um miúdo birrento que perdeu o brinquedo.

Por fim, Pedro Ramos apela aos partidos para “respeitarem o desejo dos madeirenses”. A ironia é quase insuportável. Este governo, que tem sistematicamente ignorado as necessidades reais da população, que usa a propaganda como anestesia e o autoritarismo como método, agora clama por respeito. Respeito é algo que o governo regional perdeu há muito pela inteligência do povo madeirense.

Pedro Ramos não faz mais do que personificar o cansaço de um regime que se arrasta, cego à própria mediocridade. As suas declarações são cada vez mais pomposas, absurdas e insultuosas para qualquer pessoa com dois neurónios a funcionar. A Madeira não precisa de discursos destes. Precisa de mudança, de líderes que não tratem os madeirenses como tolos ou como reféns de uma narrativa ridícula. Ramos pode continuar a falar, mas as palavras, como o seu governo, já não têm nenhum peso.

Janeiro 2025

Nuno Morna



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