Vamos ao Circo

Na minha modesta opinião, enquanto liberal, a proposta do Professor Cafôfo é, simultaneamente, uma piada de mau gosto e indigência política merecedora de um estudo. Só alguém com uma vocação especial para o disparate seria capaz de imaginar uma coligação que alinhasse, lado a lado, o PS, o JPP, a IL, o PAN e o BE. Não é uma coligação; é um espectáculo circense. Um “saco de gatos” seria um elogio: aqui temos gatos, cães, ovelhas e um ou outro pavão. E tudo isto, claro, sob a batuta de Cafôfo, o visionário que se julga maestro, mas que não passa de um animador de “karaokes”.

Comecemos pelo essencial: a ideia de que a Iniciativa Liberal poderia integrar esta geringonça reencarnada é tão absurda que merece ser desmontada. A IL, goste-se ou não, tem uma identidade clara e um propósito definido. Defendemos menos Estado, menos impostos, mais liberdade individual. Agora expliquem-me, com o vosso melhor ar sério, como isto é compatível com um BE que acha que o lucro é o maior de todos os pecados ou com um PAN cuja maior ambição parece ser proibir bifes ao pequeno-almoço. Será que Cafôfo imagina que vamos negociar o liberalismo em troca de quotas de tofu nas cantinas escolares? 

Depois há o PS, que nos trouxe até este pântano com o seu hábito insaciável de gastar dinheiro que não tem, de taxar quem trabalha e de distribuir prebendas pelos amigos. E há o JPP, esse sindicato dos irritados, sempre prontos a gritar, que abraçam todas as ideologias com tanta força até que se tornem incapazes de ter alguma. Estes partidos não têm uma base comum: têm, no máximo, um ressentimento partilhado contra quem lhes tira o lugar à mesa. E Cafôfo, qual mediador de feira, acha que pode juntá-los como se fosse vender um conjunto de panelas.

A verdade – e esta é apenas a minha opinião, claro – é que esta proposta não é política, é patética. É o reflexo de uma certa mentalidade que vê o poder como um fim em si mesmo. Cafôfo não tem um projecto, não tem uma ideia, não tem sequer uma desculpa convincente. O que ele tem é uma calculadora, onde soma votos como quem conta feijões. A coligação que propõe não é um governo, é uma comissão de interesses, disfarçada de ambição colectiva. 

E, como seria de esperar, nada disto faz sentido. Imaginem os debates internos: um BE que quer destruir o capitalismo, sentado ao lado da IL, que quer libertá-lo. Um PAN que chora pelos cães vadios, enquanto o JPP grita por botijas de gás. E no meio, Cafôfo, a tentar convencer-nos de que esta ópera bufa pode ser governável. O resultado? Uma anedota que acabaria, inevitavelmente, em desgoverno ou, pior ainda, em tragédia.

Em suma, a Iniciativa Liberal – e volto a sublinhar que esta é apenas a minha opinião – jamais deverá alinhar nesta farsa. Não é por arrogância nem por purismo, mas por decência. Enquanto Cafôfo e os seus aliados brincam ao poder, a IL tem uma Madeira para mudar. E para isso, é preciso seriedade, não comédias de salão. Que Cafôfo fique com o seu circo. Nós preferimos construir o futuro.

Dezembro 2024

Nuno Morna




Comentários

Mensagens populares deste blogue

Silêncio Frio: O Funeral Turístico do Ribeiro

O Dia em que o JPP se Demitiu de Santa Cruz.

O cadáver adiado que se recusa a sair de cena.