Chega: A Autocracia de Ventura e o Disfarce de Democracia
O Chega, esse modelo de democracia e pluralismo, caminha, passo a passo, rumo ao autoritarismo absoluto. O que se passou na Madeira, com a Moção de Censura apresentada, é um exemplo claro do que é o verdadeiro espírito democrático do partido: a vontade de um homem. E quem é esse homem? Ora, o insubstituível, o imprescindível, o mago, o erudito e sapiente André Ventura, claro. O verdadeiro comandante da "liberdade", o experiente e experimentado, que com um gesto de pura elegância política, desfaz qualquer decisão interna que não lhe agrade. E quem, afinal, são esses órgãos regionais, esses seres irrelevantes e minúsculos, que se atrevem a questionar a sua vontade? Quem? Nada mais que obstáculos para o grande Ventura, o abençoado, o único que entende o que é melhor para o Chega e, claro, para a nação. Ventura, o Ousado, o maior de todos os portugueses, essa figura mofenta e salazarenta, impôs à Madeira a sua vontade, porque precisa de saltitar de caso em cima de caso, pois sabe que se assim não for perde relevância.
Parece que afinal eu tinha razão desde o início, a moção apresentada pelo Chega na ALRAM, atropelou uma decisão dos órgãos regionais do próprio partido, e é a prova incontestável de que o Chega não é um partido com uma estrutura democrática, nem regional e muito menos respeitador da autonomia dos seus órgãos. Até porque isso seria uma ofensa ao conceito de Chega. O Chega é, na verdade, uma autocracia. Sob o reinado absoluto de Ventura, o Bendito, qualquer vestígio de pluralismo é rapidamente eliminado. A Comissão Política de Miguel Castro, o Desgraçado, com o seu insólito e subversivo gesto de recusar apresentar a moção tal qual exigido por Ventura, o Bendito, cometeu o pecado mortal de não se submeter à vontade do Supremo Líder. E qual a resposta do partido a tal afronta? Ignorar a dissidência e continuar a marchar em uníssono, como uma orquestra bem afinada... mas apenas enquanto todos os músicos toquem a mesma nota imposta pelo Politburo de uma única pessoa: Ventura, o Benfazejo.
Não há espaço para contraditórios. Não há espaço para discordâncias. E, principalmente, não há espaço para a democracia. O Chega é uma tirania camuflada de movimento populista, onde qualquer tentativa de desviar-se da linha traçada pelo Grande Irmão é prontamente silenciada. O partido não está em busca de verdadeiras reformas políticas, de uma renovação das instituições ou da luta contra a corrupção. Não, o Chega procura um único objetivo: a concentração total do poder nas mãos de um homem. Ventura, o Fecundo, que até parece ser o único cidadão português capaz de perceber os verdadeiros problemas da nação, sem perder tempo com esses detalhes irrelevantes como o respeito pelos órgãos internos do partido, pela democracia ou pela autonomia das estruturas regionais.
E ainda há quem se atreva a defender que o Chega se preocupa com a autonomia da Madeira. O Chega não se preocupa com autonomia nenhuma, muito menos com o que pensa a Comissão Política da Madeira. O que o Ventura, o Louvado, quer é poder, e poder absoluto. Parecem ter esquecido completamente o conceito de democracia interna. Afinal, para que serviriam tais ideias antiquadas quando a Venturosa Figura está no comando, com a sua visão única e iluminada do que deve ser a política? O Chega não é um partido de alternativas, é um partido de imposições. E se alguém tiver dúvidas, basta olhar para o tratamento dado às vozes dissidentes internas. Ser dissidente no Chega é um ato de rebeldia, passível de punição instantânea. Quem não concorda com Ventura, o Bento, que se cale. Quem se atreve a contrariá-lo, que saia do caminho.
Este partido não é, portanto, uma alternativa ao sistema, como se apregoa. O Chega está bem longe disso. Na verdade, está bem mais próximo daquilo que tanto critica: o sistema, mas sob uma nova roupagem. O Chega não luta pela liberdade, pela democracia ou pela autonomia. O Chega luta pelo poder absoluto de um homem que manda em tudo, e qualquer um que ouse questionar essa ordem é apenas um obstáculo a ser removido. O discurso antissistema, na realidade, não passa de uma fachada para esconder o que está realmente em jogo, a construção de um império político à medida do seu líder, sem espaço para quem pense de forma diferente.
O Chega está muito longe de ser uma alternativa democrática. Não é um partido que respeite os seus membros, nem que aceite o pluralismo. O Chega é, acima de tudo, a expressão de um autoritarismo disfarçado de populismo. E enquanto Ventura, o Clamado, continuar a ditar as regras, a impôr a sua vontade, temos de levar com isto. O Chega é hoje uma ameaça concreta à Autonomia da Madeira.
Janeiro 2025
Nuno Morna
Comentários
Enviar um comentário