O Feudo da Banana
A GESBA é um retrato fiel do mais primitivo caciquismo que governa a Madeira. Não se trata apenas de uma empresa pública. Trata-se, antes, de uma máquina de poder, sustentada no monopólio absoluto sobre o sector da banana, cujo objectivo real não é auxiliar os agricultores, mas sim garantir a perpetuação de um sistema de dependência económica e política que mantém a região refém de quem a governa há décadas.
A chantagem exercida sobre os produtores, forçando-os a
abdicar de qualquer liberdade comercial para aceder a subsídios que,
recorde-se, vêm da União Europeia e não da generosidade da GESBA, é a prova
mais evidente do carácter autoritário e feudal deste modelo. Isto não é
política agrícola, isto é o tipo de manobra que, em tempos mais honestos, se
chamaria exploração pura e dura.
Como se justifica que os agricultores recebam 30 cêntimos
por quilo, enquanto a mesma banana é vendida no continente por de sete a quase
dez vezes mais? Não se justifica, e nem sequer há um esforço para o disfarçar.
A GESBA beneficia de um mercado fechado e de uma clientela cativa. O agricultor
madeirense não tem outra escolha: ou aceita as condições impostas, ou é
excluído do sistema. É assim que se perpetua a pobreza e se destrói qualquer
hipótese de iniciativa individual no campo.
O monopólio da GESBA não é apenas um problema económico, mas
também um problema moral e político. A Autoridade da Concorrência já sugeriu a
abertura do mercado a outras organizações de produtores, uma ideia que, em
qualquer regime que respeitasse minimamente o princípio da livre iniciativa,
teria sido imediatamente adoptada. Mas não na Madeira. Na Madeira, o Governo
Regional prefere proteger o monopólio da GESBA, porque sabe que este lhe
garante poder. Um agricultor livre é uma ameaça. Um agricultor dependente é uma
peça útil na máquina eleitoral.
E quanto a fiscalização? Quem audita a GESBA? Quem garante
que os subsídios comunitários chegam efectivamente aos produtores? Ninguém. E a
razão é óbvia: a Madeira continua a funcionar como um feudo, onde a
transparência é um luxo desnecessário e a crítica é tratada como um acto de
traição.
O caso GESBA, porque é de um caso a merecer intervenção
judicial, não é apenas uma história de incompetência ou abuso de poder. É um
exemplo de como um sistema político cínico e ultrapassado pode destruir
qualquer hipótese de progresso económico e social. A solução? Liberalizar o
mercado, acabar com o monopólio e dar aos agricultores a liberdade de
escolherem o melhor para as suas vidas e para as suas famílias.
Janeiro 2025
Nuno Morna
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