O Dia em que o JPP se Demitiu de Santa Cruz.

[Quando a política trocou a vitória pelo conforto e a lucidez pelo medo] O que se passou na Comissão Política do JPP, entre cafés frios, mãos nos bolsos e as conversas abafadas no corredor antes da decisão, foi um acto que não tem nada de político. É, antes, um episódio clínico. O registo de um enfarte moral, de uma paragem respiratória estratégica. Não se trata aqui de preferências, simpatias ou alinhamentos pessoais. Nem de ter em conta que considero Élia Ascenção, a par de Raul Ribeiro, os dois melhores activos do JPP. Trata-se de um partido a amputar-se a si próprio em silêncio, como um homem que se fere e, por orgulho ou desespero, resolve ele mesmo serrar o braço, sem anestesia, com um chaveiro. O JPP, em Santa Cruz, acaba de cometer um erro que não é apenas táctico. É um erro existencial. Paulo Alves foi escolhido por sete votos. Élia Ascensão ficou com seis. Uma diferença tão frágil que se desfaria com uma brisa mais insistente, com uma hesitação a mais, com um membro da comiss...